SE MEU FUSCA FALASSE..

Essa semana um convidado esta aqui dividindo com a gente sua paixão. Eu diria mais que uma paixão, um amor dentro de tantos amores talvez soe melhor. Sandro é um aficionado por veículos, eu diria que se carrinhos de super mercado tivessem motor, ele teria um...

 

O Fusca

fusca

Fusca, fuque, fusquinha, fuscão, besouro, bizorrão... Ele já foi carinhosamente apelidado de vários nomes. Alguns não tão nobres, tais como “Pé-de-Boi” e “Cornowagen”, o primeiro em função do pouco requinte de acabamento e o segundo porque vinha com teto solar de fábrica. Mas a verdade é que esse simpático carrinho habitou e ainda habita o imaginário de pessoas em todo o mundo.

Ele foi capaz de arrancar sorrisos até mesmo de Adolf Hitler. Em meados da década de 30, numa das poucas fotos em que podemos ver o führer descontraído, ele aparece admirando a miniatura de um fusca na fase inicial do seu projeto. A frente do comando da Alemanha no período pré Segunda Guerra Mundial, Hitler abriu o Salão do Automóvel de Berlim declarando ser prioridade a construção de um carro popular para o avanço da indústria automobilística alemã.

A Carocha

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Quem não tem uma história para contar onde um fusca não apareça pelo menos como ator coadjuvante? Os que são da minha geração com certeza sim. A minha começa mais ou menos na época em que nasci. Meu pai, ainda sem saber dirigir, comprou seu primeiro carro, um fusca vermelho ano 1967. Na ocasião em que foi buscar o carro comprado de um particular, recebeu as chaves e um boa sorte. Embarcou no possante, engrenou a primeira marcha e seguiu em direção a nossa casa. A viagem foi longa, não pela distância, mas pelo fato de que essa foi a única marcha utilizada. Além disso, acabou esquecendo de baixar o freio de mão, provocando assim sua primeira ida ao mecânico no dia seguinte para trocar as lonas de freio.

A memória mais antiga que tenho é justamente a bordo do vermelhão. Acho que é daí que vem toda essa paixão inexplicável por automóveis. Me lembro de uma ocasião em que meu pai foi levar nossa empregada doméstica em casa e chovia muito. O carro acabou atolando em uma subida, escorregou e parou perto de um barranco. Meu pai saltou para empurrar o carro mas não teve sucesso, voltou totalmente molhado e enlameado. Foi preciso um caminhão para nos rebocar. A propósito, nessa época meu pai já havia aprendido a dirigir.

O Fufa

Muitos anos se passaram desde aquela época em que o fusca habitou a garagem da nossa casa. Meu pai teve vários carros, mas aquele foi o único fusca. Hoje é mais difícil vê-los rodando, quando aparece um em bom estado passeando por nossas ruas, até mesmo os olhares de quem não é muito aficcionado por carros é atraído. Principalmente das crianças.

Hoje tenho em minha garagem um Itamar 1995, que minha filha mais nova Julia chama carinhosamente de “Fufa”. Ela adora passear a bordo dele, de ouvir o barulho característico de seu motor, de olhar através do teto solar aberto e de perceber como ficamos próximos uns dos outros quando estamos todos a bordo. Para que vidro elétrico se basta esticar o braço para abrir o vidro do carona?

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Talvez as gerações vindouras não tenham um vínculo tão forte com o Fusca ou qualquer outro carro como a minha. E duvido que a indústria automobilística tenha capacidade e criatividade para produzir um automóvel tão icônico quanto ele. Os ícones surgirão de outras maneiras e com utilidades distintas. As pessoas se locomoverão em carros silenciosos, provavelmente elétricos, confortáveis e seguros.

E eu espero, ainda por muitos anos, rodar com o meu “Fufa” com o quebra-vento aberto, vento no rosto e acelerando forte...

Sandro Ávila.

Na Proxima semana começa a nossa segunda viagem juntos, iremos atravessar o atlântico para respirar um pouco de cultura, gastronomia e arte sobre rodas. Enquanto isso, que tal conferir uma lista de filmes incríveis sobre esse carrinho que marcou a vida de todo mundo? Fuscas e Filmes Aqui. Fui…

Wheels.

 

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