Brinquedo de adulto.

Existe um ditado que diz que quando os homens crescem, só muda o tamanho dos brinquedos.

Sai esse final de semana para dar um rolê de moto, e não sei porque, quando visto o capacete, parece que entro numa câmara do tempo. Lembrei do meu primeiro triciclo, seu corpo de metal vermelho tinha vida, seus pneus com banda branca erram muito elegantes. Foram muitas aventuras a bordo dessa maquina e dentro da minha garagem, o mundo parecia caber ali. Era possível passar horas derrapando, correndo, imaginando…Vivendo aventuras.

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O que mais adoro ao andar de moto, é ver meus sentidos aguçados, principalmente os cheiros. Uma caixa de laranjas caída de caminhão entra por dentro do capacete, proporcionando um frescor inesquecível. Certa vez um amigo me disse: "Andar de moto é estar exposto, você esta nu para o mundo".

 

Essa nudez eu sentia correndo com minha bicicleta pela ruas da cidade, quem é da geração, "Não se esqueça da minha Caloi" vai se identificar com isso. Esses rolês de bike, me ajudam a andar de moto, equilibro, percepção de espaço…mas preciso confessar, também tive minhas vídeo cacetadas.

Como toda criança, minha primeira bicicleta tinha rodinhas, e meu irmão mais venho decidiu que estava na hora de aprender a andar sem, e olha ele só é 4 anos mais velho. Ver a chave soltando aquela porca não me parecia boa ideia, mas meu irmão sempre foi bom em me convencer.

Primeiras pedaladas, balançando mais que bêbado moro abaixo, e a primeira parada foi no parachoque do caminhão estacionando dentro do galpão onde estávamos. A segunda parada foi um pouco mais macia, numa pilha de saco de feijão.

Ainda sinto a dor daqueles tombos.

Na minha adolescência o filme ET era a grande novidade do verão e com ele veio o bicicross. Saltar, empinar e correr, erram tarefas obrigatórias após a aula pena que nessa época minha primeira experiência numa pista não foi muito feliz. Fui dar meu primeiro salto, sem noção nenhuma do que fazer, imagina a cena, beijei o chão de terra com sangue junto e a cara encharcada de vergonha.

Hoje entendo a liberdade que a moto me passa. Ela vem da caixinha de boas lembranças que guardo da minha infância. As motos, nunca foram uma grande paixão, sempre foram os carros, enquanto eu corria mensalmente as bancas de revistas para comprar a Quatro Rodas, um amigo de infância e um primo, compravam a Duas Rodas, com seus pôsteres gigantes dos corredores da Moto GP da época.

Silenciosamente o vírus foi me pegando.

Minha primeira aventura numa moto foi com uma CB 400 de um amigo, estávamos no Kaskidum, ele chegou com sua moto, escapamento  modificando, guidom baixo, tipo Tomazelli. Ele me ofereceu para dar um rolé, não pude resistir. Era a época de uma beira mar vazia e era possível ouvir o ronco da moto e o meu sorriso no rosto a distancia.

O vírus começou a apresentar sintomas.

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Santa Catarina é um estado privilegiado para os amantes de estradas. Subir o Rio do Rastro, tomar um café em Urubici, um Marreco recheado em Brusque, tomar um chope em Balneário Camboriú. São tantas sugestões, encontros de motos em todos cantos do estado, seja com uma estradeiro, esportiva, chopper, uma bis, não importa o modo e sim a viagem.

Sabe o mais louco, que ao contrario do que parece, andar de moto afasta a solidão que muito aflinge o mundo moderno. O capacete a jaqueta e as luvas formam a armadura moderna e nos ajudam a olhar dentro da nossa própria alma.

Me sinto completo.

No fim acho que o ditado está certo, queremos sim continuar brincando, seja de moto, bicicleta, com uma prancha de surf ou um skate. E isso não é infantilidade, é viver.

Quero convida-los a dividir com a gente suas historias a bordo de suas maquinas, marque-nos com a hashtag curadoriaHLnaestrada (#curadoriaHLnaestrada), iremos aos poucos publicando e inspirando cada dia mais, as pessoas.

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