Couture Outono/Inverno 2015

Quer algo mais inspirador na moda que a semana de Alta Costura de Paris? Pensa em um cenário de liberdade criativa, onde a ideia é encantar o observador e não vender a roupa (pelo menos não nesse primeiro momento). Num contexto onde importantes quesitos que estruturam a ideia do prêt-à-porter (ready to wear) como praticidade na produção em massa, usabilidade, tamanhos padrão e, talvez o mais importante, atingir o dia-a-dia do consumidor, são colocados de lado pela simples beleza de apresentar um conceito do jeito que ele é e, obviamente, ser um importante veículo de publicidade dessas grandes marcas.

A Le Chambre Syndicale de la Haute Couture (Sindicato da Alta Costura Parisiense) foi criado em 1868 pelo britânico Charles Frederick Worth, que instaurou a liberdade criativa do criador (e não das madames endinheiradas que, até então, dirigiam a criação das peças). O termo Haute Couture foi usado apenas em 1908 e é protegido legalmente pelo sindicato, que aprova e revisa as maisons participantes da seleta lista anualmente. Claro que ser aprovado não é uma missão tão fácil assim. Primeiramente a maison deve ter sede em Paris, especificamente no Triangle D’or, composto pelas avenidas Champs-Elysées, Montagne e Geroge V. As peças devem ser completamente feitas à mão de maneira artesanal, primando pela qualidade e beleza do acabamento dessas peças que devem ser obrigatoriamente feitas por encomenda, sob medida e com uma ou mais provas. Outros fatores completam a lista para participar do calendário da Semana de Alta Costura de Paris, onde as marcas devem apresentar, pelo menos, 25 looks (anos atrás o número chagava a 60) que contem com peças para o dia e noite.

Não é dúvida que em tempos de crise econômica a lista de desfiles não seja tão longa. O trabalho minucioso, que chega a ultrapassar 800 horas de trabalho em uma única peça, sai caro. Mas a grande motivação desses desfiles em pleno século 21 é a publicidade. A venda dessas peças, por mais caras que possam ser (vestidos ultrapassando a casa dos $300mil), representa uma parcela minúscula se comparada à venda dos produtos de massa, como perfumes e acessórios, vendidos pelas maisons. O raciocínio acaba sendo bastante claro: encantar o público com criações deslumbrantes e inatingíveis durante os desfiles e red carpets de importantes eventos e depois incluir esses consumidores no universo da marca de maneiras mais acessíveis.

A Semana de Alta Costura de Outono/Inverno 2015, que começou dia 5 de Julho e foi encerrada hoje (9), contou com 17 marcas que apresentaram coleções que forneceram silhuetas, cores, estampas, padronagens, tecidos e conceitos que vão permear as próximas coleções do prêt-à-porter.

Quem deu o start na semana foi a designer russa, de apenas 31 anos, Ulyana Sergeenko. Que foi seguida pela coleção de Alta Moda (denominação italiana para as coleções de Couture) da italiana Ateliê Versace, comandada por Donatella Versace. O dia seguinte foi comandado pelas coleções da Schiaparelli, Christian Dior, Alberta Ferretti Limited Edition e Giambattista Valli. A terça-feira começou à mil com o cassino couture da Chanel, que teve até Juliane Moore e Kirsten Stewart de coadjuvantes durante o desfile e Kendall Jenner de noiva. Bouchra Jarrar, Giorgio Armani Privé e Alexandre Vauthier completaram o dia de desfiles. A quarta-feira foi o dia mais intenso da semana com os desfiles da Maison Martin Margiela, Elie Saab, Jean-Paul Gaultier, Viktor&Rolf, Alexis Mabille e o début da italiana Fendi, comandada por Karl Lagerfeld, no calendário de alta costura. A quinta-feira, encerramento do evento, contou com o desfile do libanês Zuhair Murad e será encerrada oficialmente em Roma, com o desfile da italiana Valentino.

Como uma imagem vale muito mais do que mil palavras, confira agora todos os desfiles dessa semana mais que inspiradora:

05/Jun - Domingo
Ulyana Sergeenko